quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Vou pra casa rezar

No dia seguinte à memória dos seis anos dos atentados de 11 de setembro, outro ato terrorista invade a mídia brasileira. A diferença é que este não pôde ser transmitido ao vivo, não provocou mortos, e provavelmente não estará nas primeiras páginas do mundo inteiro amanhã. Hoje, 12 de setembro de 2007, deu-se o atentado contra o combate à insalubridade política deste país.

Por 40 votos a 35 (houve 6 abstenções) o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) foi absolvido e escapou da cassação de seu mandato. Se aprovada, a cassação acarretaria na demissão imediata do senador, bem como a proibição de candidatura a cargos políticos por 8 anos. Mas seus “colegas” não quiseram assim, e o acusado saiu do plenário ainda como o presidente da casa, tudo como dantes. Suas únicas palavras foram: “Vou pra casa rezar”.

Mas não é aos santos que ele deve agradecer. Deve, porém, mostrar sua gratidão ao sistema de voto secreto, que livrou a cara de senadores os quais temiam ter seu nome sujo na praça e sofrerem com as reações da opinião pública; interceder por seus “fiéis amásios” que o amaram por estes 120 dias e prefiro-nem-saber-quantos contos de réis; louvar a covardia da base aliada em fazer uma limpa e prestar serviços à nação; até mesmo ajoelhar-se perante o presidente da República (nada sabe e nada vê!) que não tem a coragem de defender os interesses nacionais condenando casos explícitos de corrupção, não tem colhões de tomar as medidas enérgicas que se espera de um chefe de Estado. Ao contrário, nesse momento tenso Lula preferiu os ares mais frescos dos países escandinavos.

Decepção, raiva, vergonha. É isso que eu sinto agora. Como confiar nas supremas instituições nacionais, se estas estão cobertas de lama até a boca? Como escolher meus representantes, se estes tergiversam em suas altamente influenciáveis opiniões ao sabor dos próprios interesses? Embora o desabafo, não ponho tudo como farinha do mesmo saco. Sei que (ao menos resta a esperança) também existe gente honesta e preocupada com o Brasil trabalhando em Brasília. Mas esta pizzada constante já causa dor de barriga! Nesses casos, “tem mesmo é que por tudo pra fora”, já dizia minha mãe.

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Hoje Renan foi julgado apenas por uma das quatro acusações que recaem sobre ele – ter contas particulares (pensão e aluguel da jornalista Mônica Veloso, com quem ele tem uma filha) pagas pelo lobista Cláudio Gontijo. O infelizmente-ainda-senador também é acusado por: 1) ter “mexido os pauzinhos” no INSS em favor da Schincariol; 2) ser sócio oculto de duas emissoras de rádio em Alagoas; 3) participar de um esquema ilícito de arrecadação voltado a ministros do PMDB em troca de propina.

Veremos o que pode sair disso. No entanto, depois dessa palhaçada de hoje, revolto-me de antemão em pensar que só uma coisa pode mudar doravante: o sabor da pizza! Assim como o Renan, também vou pra casa rezar... mas é pra que a dor de barriga não seja tão avassaladora!

Um comentário:

Emilia disse...

Chegando no trabalho me deparo com a not�cia e n�o pude n�o lembrar desse post:
"Eu sou favor�vel. O voto secreto foi uma conquista da democracia. O voto secreto s� existe para proteger as pessoas da press�o do poder pol�tico, do poder econ�mico e tamb�m de setores da pr�pria m�dia. O voto secreto existe para isso, porque se n�o as pessoas se sentir�o pressionadas", Renan Calheiros.

Eles n�o querem press�o, preferem governar nossas vidas tranquilamente.Fazia sentido em 1964 para certas pessoas.